sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos."
Pi
domingo, 20 de dezembro de 2009
Continuação
E no outro dia li:
“Com o mundo completamente parado, com a idade parada, não é difícil parar também e, rodeados de fragmentos: uma existência inteira feita de vidro estilhaçado e espalhado no chão: o mais natural é baixarmo-nos sobre os calcanhares, pousar os cotovelos sobre os joelhos dobrados e, com cuidado, esticar as mãos para, com a ponta dos dedos, se começar a escolher cada fragmento, distinguir o que se deve abandonar do que se deve manter. Desistir não é sempre mau. Há vezes em que não se pode evitar. Todos nos dizem continua, continua, mas é o mundo que desiste, inteiro, à nossa volta.” José Luís Peixoto
E fiquei a pensar que havia muita razão nestas palavras, eu por defeito tenho imensa dificuldade em assumir que se falhou, que falhei. Ninguém gosta de ver os seus projectos e sonhos deitados por terra, mas acontece mais vezes do que a minha esperança gostaria e continuar a insistir nem sempre é o que deve ser feito, aceitarmos e desistirmos nem sempre é uma derrota. Tomara eu ter desistido a tempo, não tive essa capacidade, é muito fácil criarmos ilusões e alimentá-las com qualquer sinal, até o silêncio alimenta ilusões descobri eu.Tomara eu ter desistido, não porque não acreditasse, mas simplesmente porque o mundo inteiro à minha volta tinha desistido e não é cobardia ou comodismo, é saber ver com olhos de quem quer ver. Enquanto vai amanhecendo e a minha vontade de sair à rua varia e me continuo a lembrar de ti, sei que desisti daquilo que não tinhas para me dar, desisti da ilusão que insisti em construir. Desisti de ti, mas não de mim.
Natal...
Fernando és grande!
"Chove. É dia de Natal.
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem a quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés."
sábado, 19 de dezembro de 2009
Sem razão nenhuma ou então por todas as razões que trago no lado esquerdo do peito. E depois? Fica tudo igual, sigo a minha manhã, encaro a rua e vou. E invariavelmente por todas as razões ou então só porque tem que ser lembro-me novamente de ti, quando o sol já vai alto, quando já não sol, quando a lua está cheia e quando mingua. Depois? Fica tudo igual e amanhece.
Zai
Ninguém mais do que tu foi tão verdade
De tanto que nem sei se vale a pena
Amar, e sempre amar a quem mais clama
O nosso desamor feito dilema
Dar e não saber se quem recebe
É cego ou não quer ver toda a saudade
Que existe, e que persiste e não percebe
O triste deste amor em fim de tarde
Ninguém mais do que tu foi tão verdade
Das coisas que nos dão razão à vida
Prisão que ontem foi de liberdade
E hoje se transforma em chaga viva
Amar como te amei ninguém mais ama
De tanto que nem sei se vale a pena
Manter nesta paixão acesa a chama
Ou apagar num sopro este dilema"
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
hoje zanguei-me! e consegui!
ZANGUEI-ME!
e soube bem! zanguei-me como nunca... sem incompetência!
zanguei-me!!!!
e não quero saber!!!!
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
zangamo-nos...
Pi
domingo, 6 de dezembro de 2009
No outro dia disseram-me: “Zangue-se!” e eu de olhos arregalados, espantada na minha irritante calma... Zanguei-me. Zanguei-me com as pessoas no autocarro, zanguei-me com a ausência das pessoas, zanguei-me com a incompetência dos médicos, zanguei-me com a inércia, zanguei-me quando me fizeram esperar, zanguei-me com a televisão, zanguei-me com o computador lento da agência, zanguei-me com quem me olha e com quem não me olha, zanguei-me com as manhãs e com as noites frias, zanguei-me quando não disseste nada e quando disseste. Fiquei zangada com os buracos da minha rua, com a calçada, com as pessoas na fila do supermercado, zanguei-me com o telemóvel, declarei guerra aos zangados, zanguei-me com os amargurados, zanguei-me com os azedos e com os excessivamente doces, zanguei-me com gente idiota, zanguei-me com gente inteligente. Zanguei-me com quem nunca me zanguei, com este, com aquele, com o de sempre. Estou zangada contigo e vou continuar, zanguei-me com as pessoas da minha vida e com as outras todas, zanguei-me com as horas livres, zanguei-me com o que tenho para fazer, zanguei-me com o sono e quando tenho que acordar de manhã. Zanguei-me contigo que não fizeste nada. Fico zangada e digo que estou zangada. Não me zanguei comigo e estava quase a acontecer.
Zai
silêncio
... xiuuuu
passo a passo
silêncio...
... xiuuuu
respiro!
silêncio...
... xiuuuu
saber de ti?!
silêncio...
... xiuuuu
que seja desta
silêncio...
... xiuuuu
"Nunca se sabe como será o dia de amanhã, por isso não percas tempo, pega no telefone e liga-lhe. Tenho a certeza que ele te vai ouvir, tenho a certeza que ele te vai ...ajudar, tenho a certeza que ele, à sua maneira - e é tão estranha a forma como os homens gostam de nós - ainda gosta de ti. Mesmo que já não te ame, ainda gosta de ti, como tu vais aprender a gostar dele, quando a vida te obrigar a desistir deste amor."
silêncio...
... xiuuuu
do outro lado também...
silêncio...
... xiuuuu
sábado, 5 de dezembro de 2009
parabéns!
hoje seria um bom dia para o reler... mas... tenho na minha mente um ano de vida como se fosse apenas um dia de existência!
como tu disseste
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
susurro...
Ás vezes é! Coloca uma borboleta no cabelo. Perfume. será que ainda se lembra do cheiro?
Sai triunfante no seu salto alto, esboça um sorriso ao rio... E vai... e o dia passa menos longo, menos cansado, menos angustiado...
Pergunto-lhe quando será sempre assim? Não me sabe responder... um dia! serei capaz?
Recebeu uma carta que dizia "olá borboleta!"... e correram-lhe as lágrimas... oh borboleta!
Leu "se for mesmo ele, fica"... quem fica? perguntou. saudade do que não se viveu
e disse-me baixinho: e sabes o que é de repente tudo não fazer sentido? apetecer-te gritar... gritar... gritar! e aparece alguém que te abraça forte...alguém que se preenche com o teu corpo... sabes???... não! não sei!
Leu
"Somos o avesso um do outro. Quando duvidas, paras, e eu sigo em frente. Quando tens medo, eu tenho vontade; quando sonhas, eu pego nos teus sonhos e torno-os realidade, quando te entristeces, fechas-te numa concha e eu choro para o mundo; quando não sabes o que queres, esperas e eu escolho; quando alguém te empurra, tu foges e eu deixo-me ir. Somos o avesso um do outro: iguais por fora, o contrário por dentro. Tu proteges-me, acalmas-me, ouves-me e ajudas-me a parar. Eu puxo por ti, sacudo-te e ajudo-te a avançar. Como duas metades teimosas, vivemos de costas voltadas um para o outro, eu sempre à espera que tu te vires e me abraces, e tu sempre à espera que a vida te traga um sinal, te aponte um caminho e escolha por ti o que não és capaz." somos e tu não sabes... às vezes sentes apenas!!! um sapato de cada pé... um par de sapatos!